As massas adoram posar como modernos gladiadores nas redes sociais. Amam de monte xingar a ala adversária. Que devolve agressões fajutas no mesmo tom. É como, inacreditavelmente, vissem a vida com um antolho – aquela peça que se coloca em animais de carga para que olhem sempre em uma só direção.
Tudo isso enche o saco, e esvazia a esperança.
O destino de Lula e Queiroz se cruzaram nas urnas do ano passado. A vitória de Fernando Haddad abriria as portas da cadeia para Lula. A vitória de Jair Bolsonaro blindou Fabrício Queiroz. Entre o espeto e a brasa, queimamos o Brasil.
Nas redes sociais, em tom de ataque, uma ala pergunta “cadê Queiroz”. Ora, ele está protegido pelo atual status quo. Só será usado se for o caso de se impichar Bolsonaro. “Lula está preso, babaca”, responde a ala adversária. Está, sim, e vai continuar preso – não exatamente numa cela – porque Haddad perdeu a eleição. Se ele tivesse vencido, Lula já estaria solto.
Mas o caso Queiroz é mais explosivo. Do Lula já se sabe o suficiente para colocá-lo no lugar devido. A caixa preta das falcatruas dele foi escancarada. Já sobre o Queiroz sabe-se muito pouco, e como ele não é o chefão do grupo, mas apenas um peão nesse sujo tabuleiro, a delação premiada dele poderia mostrar a todos o que essa outra ala aprontou ao longo do tempo.
É desolador ver o Brasil por esse ângulo. Ver que Lula e Queiroz são cara e coroa da mesma moeda cunhada na política, e que mata um futuro melhor para brasileiros e brasileiras. Ninguém vai escapar desse destino. Essa Bastilha é impenetrável, inviolável e imune aos interesses da Nação. Gladiadores ou não, somos todos passageiros de um país que nos faz agonizar dia a dia.